sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Intervir ou não intervir?

Meus 4 colegas de mestrado resolveram montar um blog de críticas ácidas ao governo brasileiro à la manhattan connection e o assunto preferido deles, até agora, é a intervenção estatal. Como a maioria dos economistas, eles defendem a total retirada do Estado da economia. Já estão criticando a arrecadação de receita e a forma como os recursos são gastos. A pesada carga tributária compromete o nível de bem-estar da economia e há ineficiência no setor público. Toda essa base de pensamento deles vem de modelos abstratos, com nenhuma conexão com o mundo real. E eles não param de repetir tudo o que os outros economistas vem dizendo.

A solução para a ineficiência dos investimentos e gastos do governo não é transformar o Brasil em uma anarquia. É arrumar um modo eficiente de controlar o desvio de recursos públicos e de controlar a forma como eles são gastos. Não dá para viver em uma economia sem intervenção do Estado. Quem vai investir em setores pouco lucrativos? Quem vai gerar todas as condições para que o setor se torne lucrativo para o setor privado? É lógico que o Estado não deve competir com empresas privadas, investindo em atividades rentáveis. Isso, em economês, reduz a produtividade marginal do capital e compromete o nível de emprego da economia.

Tributos são necessários. Como o Estado vai investir em atividades pouco lucrativas se não arrecadar dinheiro? Entretanto, deve haver um aparato legal que controle melhor os recursos públicos. O problema é que tudo no Brasil acaba em corrupção, inclusive a auditoria e o controle externo. Mais necessário que discutir a intervenção ou não do Estado na atividade econômica, é discutir como as instituições brasileiras afetam a eficiência do setor público. É aí que entra uma nova escola da economia, chamada neo-institucionalismo.

5 comentários:

Anônimo disse...

Acho que consegui entender tudo o que vc escreveu no seu post. Bacana, entendo um pouco de economia. =D
Ae, tem que rolar video-tapes hein! hehehehehehe =P

marcelo disse...

Mr. Kamp, o trágico nessa história toda é que o tal do aparato legal para controlar arrecadação e utilização dos tributos existe, e é bem inchado, inclusive... o problema é que ele é ineficiente, emperrado, corrupto, simplesmente não funciona.

Não sei,pode ser bobagem minha, mas acho que no Brasil, hoje, a gente não tem mais que pensar em criar nada e sim, em repensar o uso daquilo que nós já temos. Pra dar um exemplo tolo, na vida domestica seria o ato de dar uma olhada na despensa e na geladeira antes de sair para as compras. Qualquer dona de casa faz isso, né? Porque nossos dirigentes não aprendem com elas?

Van Der Kamp disse...

O problema é a forma como a supervisão da auditoria é feita. Não dá para auditar ou controlar, com funcionários corruptos. A corrupção é o que tem que ser combatido. Ela é um dos elementos institucionais brasileiros que emperram o crescimento.

marcelo disse...

E é incrível que ainda se pense que uma das soluções para isso é pagar salários altíssimos para auditores e controladores... como se só se corrompesse quem precisasse... é um raciocínio equivocado e nocivo, que traz em si mesmo a idéia de que o auditor/controlador é corrupto de antemão... a mudança é muito mais profunda do que parece...

Anônimo disse...

tô me sentindo a Magda.